A memória e a potência de Junho/2013

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Carlos Leal, na palestra que se seguiu à exibição do filme ‘O que resta de junho?’, no cineclube Pedagogias da Imagem.

“A corrupção sempre foi uma pauta vazia. Uma pauta sem identidade, sem identidade de classe, sem relação com um problema sistêmico. (…) Quem vai ser a favor da corrupção? Todo mundo é contra a corrupção. Então o que você pode fazer com isso, de revolucionário?” – o comentário da professora da UERJ, Camila Jourdan, mostrado no filme ‘O que resta de junho?’, deu o tom das inquietações e das rememorações presentes no debate da primeira sessão do ciclo Jornadas de Junho, promovido pelo cineclube Pedagogias da Imagem, que contou com a presença e a palestra do jornalista e pesquisador Carlos Leal, roteirista e um dos realizadores do filme. Das manifestações contra o aumento das passagens de ônibus até os protestos que bradavam contra a corrupção e além, o filme de Vladimir Santafé, Carlos Leal e Diego Felipe retoma os principais elementos que fizeram das manifestações de junho de 2013 um momento paradigmático na história do país.

Após comentar acerca de sua metodologia para criar uma espécia de ensaio visual a partir dos rastros e resquícios de junho, Carlos apontou o cineasta chileno Patricio Guzmán como uma inspiração e se concentrou no esforço de pensar a atualidade dos protestos, os contrastes e as modificações que sofreram, as capturas midiáticas e os eventos que deram margem às polarizações políticas mais exacerbadas dos anos recentes. As perguntas do público, evocando o momento atual do país e as novas manifestações que tomam as ruas, mostraram que existem várias respostas para a pergunta-título do filme. Os rastros e resquícios de junho, através dos registros e da memória, se apresentam como potentes recursos para se pensar, atualizar e compreender não apenas um momento histórico específico, mas seus desdobramentos possíveis, atrelados a um sonho comum de cidade, de existência e de futuro.

A sessão foi a primeira do cineclube a ser realizada no recém-reformado auditório Manoel Maurício de Albuquerque, do CFCH. A próxima sessão do ciclo Jornadas de Junho, no mesmo auditório, acontecerá no dia 20 de junho, data importante na memória das manifestações de 2013. Exibiremos o filme 20 centavos, de Tiago Tambelli, seguido da palestra O discurso da corrupção na política contemporânea, com Paulo Vaz, professor da Escola de Comunicação da UFRJ. A sessão terá início às 17h e a entrada é franca. Anotem na agenda, e até lá!