Por uma pedagogia “transviada”

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Na terça-feira, dia 4 de setembro, foi exibido o filme Corpo elétrico, de Marcelo Caetano, no Pedagogias da Imagem – cineclube da Faculdade de Educação da UFRJ. Após a sessão, o professor Thiago Ranniery, da Faculdade de Educação da UFRJ, conversou com a plateia e apresentou a palestra “O intenso tecer, ou esboço de uma pedagogia queer”. Ele é Doutor em Educação pela UFRJ, além de ser pesquisador do Núcleo de Estudos de Currículo (NEC) e coordenador do Bafo! – Bando de Estudos e Pesquisa em Currículo, Ética e Diferença. Suas principais áreas de atuação envolvem os temas de sexualidade, subjetividade, afeto, gênero, corpo e diferença.

Nesse contexto, o professor abordou em sua fala o conceito de “Pedagogia Queer”, uma forma diferente de pensar a educação a partir de inter e intra relações de forma, escapando da noção tradicional de “formação” – tão cara aos estudos pedagógicos – em direção de sua ousada proposta de “deformar”. Trata-se de uma aposta em afetos bagunçados na composição de um corpo social de solidariedades. Essa nova maneira de pensar a aprendizagem baseia-se em uma educação participativa, em um pensar com o outro, libertando-se da concepção hierarquizada e academicista da sala de aula. Dessa forma, a pedagogia se entenderia como encontros aberrantes entre sujeitos estranhos, formando pensamentos “feito corpo, feito carne”, nas palavras do pesquisador.

Em uma perspectiva mais diretamente relacionada ao filme, Ranniery questiona certa tendência de expressões do cinema LGBT, com sua insistência em seguir certa padronização melancólica em suas narrativas, explorando somente o trágico da experiência queer. O filme escolhido, todavia, foge a esse modelo ao retratar um cotidiano mais leve, que apresenta a amizade, a alteridade e a festa como modo de vida. Esse “devir alcoólico”, no qual os personagens deslocam-se de si mesmos para estarem com o outro, gera uma existência em que se entrelaçam diferenças. Essa nova construção cinematográfica, que trabalha exatamente na centralidade da exploração do corpo, traduz a visão da homossexualidade enquanto modo de vida, como maneira de ver e experimentar o mundo, dando voz, assim, a um arquivo queer que não se torna história.

A próxima sessão do Pedagogias da Imagem será uma matinê, no dia 25 de setembro, às 10 horas, no Auditório Manuel Maurício do CFCH (Campus da Praia Vermelha da UFRJ). Mantendo a temática de diversidade e sexualidade do mês de setembro, será exibido o filme Meu corpo é político (Brasil, 2017), de Alice Riff. O documentário será seguido de uma conversa com a diretora do filme, a partir de uma videoconferência, e com a Doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ (PPGAS/MN/UFRJ), Barbara Pires. Até lá!

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Redação:
Julia Stallone e 
Camila Carneiro – extensionistas do projeto Pedagogias da Imagem