Política, corrupção e crise da representação em debate

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A próxima sessão especial Jornadas de Junho do cineclube Pedagogias da Imagem acontecerá no dia 20 de junho – data emblemática se pensarmos nas manifestações de 2013. O número vinte também está presente no título do filme: exibiremos 20 centavos, de Tiago Tambelli, um dos selecionados para o festival É Tudo Verdade em 2014, principal evento dedicado ao cinema documentário na América do Sul.

Após a exibição, teremos a palestra O discurso da corrupção na política contemporânea, ministrada por Paulo Vaz, doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ, com pós-doutorado na Universidade de Illinois, Chicago. Ele é professor da ECO/UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da UFRJ. Suas pesquisas mais recentes abordam o discurso do risco na mídia, a cobertura jornalística da doença e do crime, a produção de subjetividades, a configuração da vítima virtual, as narrativas de sofrimento e os processos de identificação. É pesquisador do IDEA – Programa de Estudos Avançados da ECO/UFRJ.

A palestra abordará o vínculo existente entre política e a prática das denúncias de corrupção como forma de conquista de poder. Para sustentar essa perspectiva que contraria a percepção de senso comum, será mostrado que a ascensão da corrupção como questão política maior ocorreu na década de 90 do século passado e que está associada à crise da representação e à ascensão do neoliberalismo.

A sessão acontecerá no auditório Manoel Maurício, às 17h, campus da Praia Vermelha da UFRJ. Divulguem abertamente, a entrada é franca! Confirme agora sua presença em nosso link para o evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/233191240501809/

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A memória e a potência de Junho/2013

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Carlos Leal, na palestra que se seguiu à exibição do filme ‘O que resta de junho?’, no cineclube Pedagogias da Imagem.

“A corrupção sempre foi uma pauta vazia. Uma pauta sem identidade, sem identidade de classe, sem relação com um problema sistêmico. (…) Quem vai ser a favor da corrupção? Todo mundo é contra a corrupção. Então o que você pode fazer com isso, de revolucionário?” – o comentário da professora da UERJ, Camila Jourdan, mostrado no filme ‘O que resta de junho?’, deu o tom das inquietações e das rememorações presentes no debate da primeira sessão do ciclo Jornadas de Junho, promovido pelo cineclube Pedagogias da Imagem, que contou com a presença e a palestra do jornalista e pesquisador Carlos Leal, roteirista e um dos realizadores do filme. Das manifestações contra o aumento das passagens de ônibus até os protestos que bradavam contra a corrupção e além, o filme de Vladimir Santafé, Carlos Leal e Diego Felipe retoma os principais elementos que fizeram das manifestações de junho de 2013 um momento paradigmático na história do país.

Após comentar acerca de sua metodologia para criar uma espécia de ensaio visual a partir dos rastros e resquícios de junho, Carlos apontou o cineasta chileno Patricio Guzmán como uma inspiração e se concentrou no esforço de pensar a atualidade dos protestos, os contrastes e as modificações que sofreram, as capturas midiáticas e os eventos que deram margem às polarizações políticas mais exacerbadas dos anos recentes. As perguntas do público, evocando o momento atual do país e as novas manifestações que tomam as ruas, mostraram que existem várias respostas para a pergunta-título do filme. Os rastros e resquícios de junho, através dos registros e da memória, se apresentam como potentes recursos para se pensar, atualizar e compreender não apenas um momento histórico específico, mas seus desdobramentos possíveis, atrelados a um sonho comum de cidade, de existência e de futuro.

A sessão foi a primeira do cineclube a ser realizada no recém-reformado auditório Manoel Maurício de Albuquerque, do CFCH. A próxima sessão do ciclo Jornadas de Junho, no mesmo auditório, acontecerá no dia 20 de junho, data importante na memória das manifestações de 2013. Exibiremos o filme 20 centavos, de Tiago Tambelli, seguido da palestra O discurso da corrupção na política contemporânea, com Paulo Vaz, professor da Escola de Comunicação da UFRJ. A sessão terá início às 17h e a entrada é franca. Anotem na agenda, e até lá!

 

As Jornadas de Junho em foco

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No mês de maio e no mês de junho, o Pedagogias da Imagem – cineclube da Faculdade de Educação da UFRJ – fará um ciclo com duas sessões especiais dedicadas a pensar questões desdobradas das grandes manifestações que ocuparam as ruas do Brasil em junho de 2013 – as chamadas Jornadas de Junho. Consideradas como um marco na cena dos ativismos políticos brasileiros, as jornadas de junho não apenas chamaram atenção para problemas urgentes envolvendo a mobilidade urbana nas cidades, mas também trouxeram novas formas de pensar o engajamento, as práticas democráticas, a descentralização das mídias e dos discursos dominantes.

Passados 4 anos de 2013, após a Copa do Mundo e um ano após as Olimpíadas, o Brasil se encontra hoje imerso em uma série de acontecimentos que têm impulsionado novamente a tomada das ruas, com a repetição de cenas e discursos que nos fazem lembrar a efervescência política das jornadas de junho e as disputas midiáticas em torno de seus desdobramentos. Se junho de 2013 irrompeu no Brasil como uma abertura ao pensamento, muito se deve também à potência estético-política desencadeada pelo papel estratégico do audiovisual, em diversas de suas expressões.

Por isso, aproveitando a chegada de junho de 2017, o cineclube Pedagogias da Imagem programou o ciclo Jornadas de Junho. Apresentaremos, em 30 de maio e em 20 de junho, sessões acompanhadas de palestras com filmes inspirados pelas jornadas de junho de 2013, como uma forma de lançar olhares e perspectivas contemporâneas sobre o período, estimulando o pensamento não apenas a partir das imagens, mas com as imagens, através daquilo que nelas insiste.

A primeira sessão acontecerá no dia 30 de maio, quando exibiremos o filme ‘O que resta de junho’ (Brasil, 2016), de Carlos Leal, Diego Felipe e Vladimir Santafé, seguido da palestra ‘Rastros e resquícios de junho, 4 anos depois’, a ser ministrada pelo jornalista e roteirista do filme, Carlos Leal, e o diretor do filme, Vladimir Santafé. Carlos Leal é doutorando em ciência da literatura na Faculdade de Letras da UFRJ, e Vladimir Santafé é mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ, autor do livro ‘Da biopolítica dos movimentos sociais às batalhas nas redes: vozes autônomas’. A entrada é franca.

Quartas vermelhas na Praia Vermelha

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Desde a última quarta-feira, dia 3/5, a Decania do CFCH da UFRJ iniciou a mostra de filmes Quartas vermelhas, no mais que apropriado campus universitário da Praia Vermelha. A mostra é parte do evento Revolução em imagens, que conta também com uma exposição fotográfica e um seminário a acontecer em junho. A mostra de filmes traz obras relevantes da cinematografia brasileira e mundial, incluindo clássicos produzidos na então União Soviética. Os filmes programados entram em ressonância com os temas ligados à Revolução Russa ou aos seus possíveis desdobramentos no século XX e na contemporaneidade. A mostra foi inaugurada com a exibição do filme Outubro (U.R.S.S., 1928), de Grigori Aleksandrov e Sergei Eisenstein, clássico lançado em comemoração aos dez anos da revolução.

Nesta quarta-feira, dia 10/5, a mostra segue sua programação e salta para o Brasil pós-golpe de 1964, com o filme Caparaó (Brasil, 2007), de Flávio Frederico, que lança luz sobre a guerrilha do Caparaó,  uma pioneira – e até então pouco conhecida – investida armada contra o regime ditatorial brasileiro. Após a exibição do filme, haverá debate com dois convidados: o sargento Daltro Jacques Dornellas, que já foi exilado político e participante da guerrilha na Serra do Caparaó, além de ser ex-deputado federal; e Esther Kuperman, doutora em Ciências Sociais pela UERJ e professora de História do Colégio Pedro II. A sessão se inicia às 14h no auditório da Decania do CFCH (Av. Pasteur, 250 – Urca). A entrada é franca! Confira a programação completa aqui.

O racismo e a ficção científica do cotidiano

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Na última quinta-feira, dia 20/4, aconteceu a sessão de abril do projeto Pedagogias da Imagem, cineclube da Faculdade de Educação da UFRJ. A sessão reverberou as mobilizações da campanha 21 dias de ativismo contra o racismo, com a exibição do filme Branco sai, preto fica (Brasil, 2014), de Adirley Queirós, seguido da palestra Racismo não é burrice, é política mesmo, ministrada pelo filósofo e professor da UFRRJ Renato Noguera.

Ao destacar a potência da mescla entre a ficção científica e o documentário presente no filme de Queirós, o professor Noguera desdobrou uma rigorosa e detalhada reflexão sobre os elementos que o filme nos dá a pensar, partindo de um panorama sobre o racismo em nossa sociedade e no mundo. As políticas de exclusão étnico-raciais, que vêm sendo praticadas há séculos, possuem espantosas semelhanças com o cenário distópico de Brasília apresentado no filme.

O auditório lotado participou bastante do debate, aprofundando e levantando outras questões a partir das diversas contribuições do público. Fiquem ligados aqui no blog, na nossa página do Facebook e no perfil do Twitter para mais notícias sobre nossa próxima sessão, que acontece no mês de maio. Programação a confirmar. Caso queiram receber nossa divulgação por email, é só assinar a nossa mala-direta via secult.feufrj@gmail.com, ou seguir nossos perfis nas redes sociais. Até lá!

Branco sai, preto fica + palestra e debate

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Na quinta-feira, dia 20 de abril de 2017, o Cineclube Pedagogias da Imagem exibirá o filme Branco sai, preto fica (Brasil, 2014), de Adirley Queirós. Após a sessão, teremos a palestra Racismo não é burrice, é política mesmo, com o filósofo e professor da UFRRJ Renato Noguera.

Seguem os dados:

Filme:

Branco sai, preto fica (Brasil, 2014), de Adirley Queirós.

Convidado:

Renato Noguera
Doutor em Filosofia pela UFRJ
Professor do Departamento de Educação e Sociedade e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRRJ.
Pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (LEAFRO).
Título da palestra:

Racismo não é burrice, é política mesmo

Horário:
Dia 20/4, às 17h.

Local:

UFRJ – Campus Praia Vermelha, auditório do Anexo CFCH.

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O cinema e as pedagogias da imagem

Em um filme, o enquadramento pode desencadear sentidos plurais que se valem da relação entre seus elementos. Seja pelo recurso da profundidade do campo, do foco, de um plano mais aberto ou fechado, os filmes têm a capacidade de guiar nosso interesse, ora para alguma parte mais específica do quadro, ora para o conjunto. Pela forma com que suas partes podem ser articuladas e recebidas pelo espectador, cada quadro nos ensinaria que há algo mais na imagem que a mera informação que ela comunica.

Estas seriam características que dão a ver a existência de uma ‘pedagogia da imagem’, apontada pelo filósofo Gilles Deleuze em seu livro sobre cinema (Cinema I: a imagem-movimento, 1986), já que “o quadro nos ensina desse modo que a imagem não se dá apenas a ver. Ela é tão legível quanto visível” (p. 19). Quando assistimos a um filme nos colocamos diante da exigência de uma obra que não apenas se dá a ler por meio da imagem, mas também traz e ensina, a seu modo, os códigos de sua leitura, entrando em diálogo com diferentes repertórios culturais – históricos, científicos, filosóficos, estéticos.

Assim como a prática pedagógica não se restringe ao espaço formal da sala de aula, a atividade cineclubista, que pressupõe a exibição regular de filmes, seguida de debates, traduz-se em possibilidade de contato com diferentes pedagogias da imagem, incentivando e intensificando o espírito crítico dos espectadores com relação a temas variados. O público geral, em contato com as imagens, com as ideias disseminadas e reverberadas pelos filmes, palestras e debates, passa a ter sua curiosidade convocada e estimulada, potencializando maneiras outras de se ver – e ler – tanto os filmes quanto o mundo.