Centenário de Gilles Deleuze com Alain Resnais, na Cinemateca do MAM

Na inauguração do segundo semestre do cineclube Pedagogias da Imagem, em sessão conjunta com o GEPE – Grupo de Estudos e Pesquisas em Estética da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o projeto celebra o centenário do filósofo Gilles Deleuze com uma programação especial na Cinemateca do MAM. Teremos a exibição do filme O ano passado em Marienbad, seguido da mesa O tempo fora dos eixos: um século em variação com Deleuze.

Ambientado em um luxuoso e enigmático hotel, ‘O ano passado em Marienbad’ (1961) desenvolve uma narrativa sinuosa e não-linear, centrada no encontro casual entre um homem e uma mulher e na incerteza sobre um possível encontro entre os dois no passado.

Marco do cinema moderno, dirigido por Alain Resnais e escrito por Alain Robbe-Grillet, o filme é representativo de elaborações conceituais de Deleuze, especialmente por sua estrutura labiríntica, que evoca o que ele chamou de um cinema “do cérebro”. Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza e indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original.

O encontro tem como objetivo celebrar e pensar a contemporaneidade do pensamento de Gilles Deleuze, em articulação com as artes e o cinema. Deste modo, o filme será o disparador para pequenas intervenções dos convidados, e do debate com o público, ativando caminhos para pensar com Deleuze e o cinema.

A programação especial contará com a participação de:

Veronica Damasceno
Doutora em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com pós-doutorado no Departamento de Filosofia da Université Paris-1 Panthéon-Sorbonne, onde também é professora convidada. Professora Associada do Departamento de História e Teoria da Arte da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ) e pesquisadora associada no Departamento de Filosofia da Université Paris-Nanterre. Sua pesquisa atual se concentra nas relações entre Arte e Filosofia em Gilles Deleuze, abordando temas como sensação, virtual, imagem, dramatização e individuação.


Auterives Maciel Junior
Filósofo, doutor em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor do Mestrado e Doutorado em Psicanálise, Saúde e Sociedade da Universidade Veiga de Almeida (UVA), e também leciona na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Tem experiência na área de filosofia, com ênfase em estudos sobre subjetividade e trânsitos interdisciplinares entre a filosofia, o cinema e a psicanálise. Autor, dentre outros, do livro ‘O todo‑aberto: duração e subjetividade em Henri Bergson’.

Pablo Zunino
Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) com estágio de pesquisa na Université Paris-I Panthéon-Sorbonne. Publicou os livros Deleuze: el laberinto de la imagen e Bergson: a metafísica da ação. Foi coordenador do GT de Filosofia Francesa Contemporânea da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia – ANPOF (2023-2025) e pesquisador colaborador do Departamento de Filosofia da USP (2024-2025). Atualmente, é professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisa em Estética – GEPE.

Mais informações e inscrições aqui.

Até lá!

Trabalho em foco, entre tensões e transformações

No dia 30 de abril, o cineclube Pedagogias da Imagem promoveu a exibição do longa Eles não usam black-tie (Brasil, 1981), de Leon Hirszman. Para guiar o nosso intenso debate pensando cinema, transformações do trabalho e lutas sociais – que se estendeu após o filme – contamos com o Doutor em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP, Reinaldo Cardenuto, a Doutora em Educação pela FE/UFRJ, Amanda Moreira, o Doutor em Sociologia e Antropologia pela UFRJ, Marco Aurélio Santana, e o Doutorando em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPHR-UFRRJ), Thompson Clímaco.

Com a direção de Hirszman marcada por um estilo realista e documental, o filme conta a história da luta de classes no Brasil durante a ditadura militar numa linguagem direta e sem rodeios, sem dispensar o melodrama como solução para a aproximação do espectador. A história começa em um cinema, mostrando a volta para casa e o fim do entretenimento – ou, da alienação. No percurso, a realidade dos personagens vai sendo revelada e ao finalmente chegarem em casa temos um claro contraste da Avenida Paulista, por onde passaram; a face da São Paulo do desenvolvimento, que é sustentada pelos trabalhadores das fábricas; e do local para o qual estes trabalhadores retornam e chamam de lar. Com isto, o diretor abre a obra com uma mensagem explícita da inevitabilidade de confronto com a luta de classes, frente ao cenário político-social do Brasil.

O conflito central do filme é entre Otávio, o pai, e Tião, o filho. O pai encarna a figura da resistência, enquanto o filho a da passividade. O pai, tendo carregado nas costas uma longa história de opressão enquanto proletário, não vê outra escolha a não ser a ação grevista. Já Tião está à espera de seu primeiro filho, e adota uma atitude mais conservadora, embora compartilhe dos mesmos valores que seu pai. Desta forma, o cenário se divide entre a ordem e a justiça, o comodismo e a impaciência, nos levando tanto a compreender a atitude revolucionária quanto a nos compadecer com o conformismo. Esta dinâmica é também movimentada pelos afetos, uma vez que a motivação de Tião, apesar da desaprovação do pai, se dá pelo apreço que tem pela sua namorada e seu futuro filho – ou seja, pela sua nova família. É interessante pensar na construção deste personagem para pensar nos dilemas da luta sindical: a opção por se rebelar seria correr um risco, e o medo do risco é essencialmente um dos motores da opressão do capital. O constrangimento de abandonar ideais é superado pela ‘necessidade’ de se submeter ao sistema. Ao mesmo tempo, a causa sindical se revela, através do pai, para além da necessidade de reivindicações: um ideal moral e existencial.

No debate, refletimos o cinema como objeto de transformação social e o lugar do filme, tanto no momento em que foi lançado – dialogando com o próprio contexto e cenário no qual foi escrito -, quanto hoje em dia. Foram abordadas situações presentes no longa que se perpetuam: a violência policial seletiva aos corpos negros, a perda de direitos aceita com passividade sob o medo do desemprego – vide a defesa incansável da escala 6×1 nos últimos tempos – e relações de gênero exploradas a partir da dinâmica familiar dos protagonistas. Examinou-se também a capacidade parasita e opressora do capital através dos tempos, adaptando-se às novas demandas onde continua a se propagar, transformando-se de acordo com a dinâmica do novo tempo. Podemos perceber isto nos esforços do neoliberalismo para que a classe operária acredite numa “mentalidade de empresário”, abandonando sua identidade de trabalhador; na precarização do ensino e suas facetas (quando temos, de exemplo, formação de professores por ensino a distância), na uberização do trabalho e os efeitos alienatórios que sustentam uma falsa crença de liberdade através do individualismo.

No filme, Leon Hirszman constrói um cenário poderoso em que o pessoal e o social se fundem, revelando que essa divisão nunca existiu de fato. No núcleo familiar — espaço aparentemente local e privado —, desenvolve-se um drama profundamente humano, cujas fissuras ecoam uma problemática urgente e universal. É na intimidade do reconhecimento que nasce a aproximação capaz de gerar empatia e, por fim, libertação.

Texto:
Julia Facundo e Ana Carolina Gonçalves – extensionistas do projeto Pedagogias da Imagem

Fotos:
Rosana Andrade Afonso – bolsista PIBIAC do projeto Pedagogias da Imagem
Gabriel Cid – coordenador do projeto Pedagogias da Imagem

O cinema introspectivo e cerebral de Spike Jonze em ‘Ela’


Na sessão de encerramento do ano, o cineclube Pedagogias da Imagem traz o longa-metragem “Ela” (Her – EUA, 2013), de Spike Jonze, seguido da palestra Inteligência artificial: entre promessas futuras e realidades presentes com a antropóloga Carolina Parreiras. 

O filme conta a história de Theodore (Joaquim Phoenix), um homem que busca superar o divórcio e recorre a um sistema operacional baseado em inteligência artificial, como tentativa de combater a solidão. Ele acaba se apaixonando por Samantha, voz do sistema operacional, dublada pela Scarlett Johansson.

‘Ela’, de pouco mais de dez anos atrás, é o último longa do Spike Jonze até a data de hoje. O filme evoca uma ressonância com ‘Encontros e desencontros’ (Lost in translation – EUA, 2003), da Sofia Coppola, diretora que ainda era casada com Jonze na época, de quem se divorciou pouco depois. O filme de Jonze poderia ser lido também como uma resposta e até um pedido de desculpas. Em ‘Encontros e desencontros’, a personagem Charlotte (também interpretada pela Scarlett Johansson), se sente sozinha e coadjuvante em meio às viagens do marido, atravessando um período de mudanças até encontrar Bob (Bill Murray). Em ‘Ela’, Samantha paralelamente se aprimora e se compartimenta para “viver” mais, explicitando como as personagens masculinas, Theodore e John – marido da Charlotte -, estão presos em uma fantasia do que seria esse amor.

Spike Jonze possui uma carreira marcada pela diversidade de produções, sendo também produtor, diretor de videoclipes, filmes esportivos de skate, roteirista e diretor. Seus filmes mais autorais costumam levar tempo para ser produzidos (ao longo de 25 anos, ele possui apenas 4 longas em sua filmografia mais autoral). Seus primeiros longas foram parcerias com o roteirista Charlie Kaufman, ‘Quero ser John Malkovich’ e ‘Adaptação’. Ambos os filmes ajudaram a pavimentar um estilo ágil e cerebral que seria a marca de seus trabalhos, articulando elementos introspectivos e filosóficos com a versatilidade da narrativa e da montagem, explorando temas existenciais e psicológicos, por vezes surreais.

Em ‘Ela’, Samantha passa por um processo dialético de humanização: ela se humaniza ao mesmo tempo em que é humanizada. Ela é um sistema que não desenvolve sentimentos, sendo as suas reações respostas ao seu uso, o modo pelo qual se adapta e se porta perante suas interações. Desta forma, o filme nos permite pensar sobre um tema cada vez mais presente no nosso cenário contemporâneo, o impacto e a capilarização de sistemas de inteligência artificial nas nossas vidas.

A sessão ocorrerá hoje, dia 05/11 no Auditório Manoel Maurício de Albuquerque (prédio do CFCH), no Campus da Praia Vermelha/UFRJ. Não perca!

Por Júlia Facundo e Isabela Felippe
– Extensionistas do projeto Pedagogias da Imagem

Sessão de novembro/2024 – ‘Ela’ e as promessas futuras e presentes da inteligência artificial

No dia 5/11, primeira terça-feira do mês, teremos a última sessão do ano do cineclube Pedagogias da Imagem. Nesta sessão de encerramento da temporada, exibiremos o filme ‘Her’ (Her – EUA, 2013), de Spike Jonze. O longa de ficção científica conta a história de Theodore (Joaquim Phoenix), um homem que passa a criar laços afetivos com Samantha, a voz feminina de um sistema operacional baseado em inteligência artificial (Scarlett Johansson).

Após a exibição, teremos a alegria e a honra de receber, como convidada do mês, a antropóloga Carolina Parreiras, professora do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da mesma universidade (PPGAS/USP). Ela é doutora em Ciências Sociais pela Unicamp, com pós-doutorados em Antropologia na USP e Unicamp. Ela coordena o LETEC – Laboratório Etnográfico de Estudos Tecnológicos e Digitais – USP.

Estaríamos vivendo em meio à ficção científica? Venha pensar conosco sobre um tema que tem invadido cada vez mais o cenário contemporâneo. Falar de inteligência artificial é evocar uma série de imaginários que vão desde as promessas de um mundo melhor até visões catastróficas de destruição ou substituição do humano pelas máquinas. Nesse encontro, a partir do filme, o objetivo é refletir sobre as potencialidades da inteligência artificial, questionando as visões que polarizam o uso de tecnologias como simplesmente boas ou ruins.

A sessão acontece no Auditório Manoel Maurício, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). A entrada é franca e a atividade é voltada para o público geral, indicada para pessoas a partir de 14 anos.

Faça sua inscrição aqui.

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🗓️ Data: 05/11/2024
⏰ Horário: 17h
📌 Local: Auditório Manoel Maurício – CFCH (Campus Praia Vermelha – Avenida Venceslau Brás, 71 – Botafogo)

Política, feminismo e violência em foco na sessão de setembro

“Enquanto um ser querido continua desaparecido, é como estar em um limbo no inferno. Não há descanso um só dia”

No dia 24/09, o Cineclube Pedagogias da Imagem, projeto de extensão da Faculdade de Educação da UFRJ, apresentou a segunda sessão do semestre, exibindo o filme Ruído (Argentina/México, 2022), de Natalia Beristáin, no Auditório Manoel Maurício/CFCH. Para debater acerca do filme, a professora, filósofa e autora Susana de Castro foi convidada para o encontro, apresentando a palestra A crise dos narco-feminicídios no México.

O filme se caracteriza como uma ficção mesclada com a realidade, portanto, possuindo caráter semidocumental. Não há trilha sonora, há somente os sons (ruídos) das cenas, reforçando a imersão do espectador. Baseado em diversas histórias reais, o longa apresenta o descaso das autoridades com os casos de desaparecimento, mostrando como o dinheiro do narcotráfico corrompe as instituições, apresentando também as redes de apoio e solidariedade das famílias de desaparecidos.

Estas redes funcionam como uma alternativa criada pela própria população, atuando como um sistema de busca dos desaparecidos, pois a cada dia que passa, a possibilidade de encontrá-los com vida diminui, demarcando que o trabalho da polícia se resume a recolher os corpos, e não impedir as mortes.

Susana de Castro aponta a cumplicidade entre a polícia, o judiciário e o Estado nessa nova ordem embasada pelo narcotráfico. Um exemplo real da inoperância das instituições foi o caso dos “43 de Ayotzinapa”. Datado de uma década atrás, 43 estudantes mexicanos da Escola de Professores Rurais Isidro Burgos desapareceram. O último presidente, Andrés Manuel López Obrador, instaurou uma comissão da verdade e indicou uma resposta para o caso, afirmando se tratar de um crime de Estado. Além disso, o ex-procurador-geral do México, foi preso por ligação com o caso (que incluía desaparecimento forçado, tortura e obstrução da justiça). Atualmente, ele se encontra em regime de prisão domiciliar.

No desaparecimento mostrado no filme, Gertrudis, filha de Julia, passa por uma constante “revitimização”, isto é, pela recorrência de se apontar uma falha na vítima como justificativa  para o acontecido: quando as autoridades evocam, por exemplo, o uso recreativo de drogas que Gertrudis fazia com amigos. De acordo com relatos reais, esse é um modus operandi, principalmente quando se trata de mulheres desaparecidas.

Julia faz três coisas para tentar encontrar a filha: contatar inicialmente a polícia, o que a levou a procurar a filha esperando que ela estivesse morta; ir a um abrigo de mulheres que foram vítimas de algum tipo de sequestro, além de realizar buscas de restos mortais com outras mulheres que também possuem familiares desaparecidos. A iniciativa das buscas, que deveria ser tocada pela polícia forense, é da própria população mexicana, demonstrando mais uma vez o descaso governamental. A ausência de um corpo é pavorosa, pois ainda permite a esperança de que a pessoa desaparecida seja encontrada viva (neste ponto, é possível traçar um paralelo com o Brasil na época da ditadura militar).

Susana sinaliza que, na década de 90, os crimes da Ciudad Juárez mostraram um modelo de feminicídio ligado ao narcotráfico (portanto, um narco-feminicídio), que se alastrou pelo país.  Segundo o Observatório Cidadão Nacional do Feminicídio (OCNF), mais de mil mulheres foram assassinadas desde 2008 somente nessa região. A partir da entrada das montadoras no México, por conta do custo da mão-de-obra, mulheres jovens começaram a trabalhar e, consequentemente, obtiveram mais autonomia, o que é levantado por Susana como uma motivação para as torturas. A mulher representa um ponto de união entre agressores, sendo a violência uma forma de assegurar o seu lugar de pertencimento no grupo, com caráter pactual (os integrantes não relatam o ocorrido), caracterizando uma afirmação coletiva. Apesar de haver vínculos de proximidade entre os locais em que os corpos apareciam e fazendas relacionadas ao narcotráfico, bodes expiatórios são usados para mascarar esta “coincidência”.

O México possui a ‘Lei Geral de Acesso das Mulheres a uma Vida Livre de Violência’, datada do ano de 2007. No entanto, o país não fez avanços quanto a esse problema, enfatizando a necessidade de uma mudança no país. Pela quantidade de mulheres desaparecidas e crimes não solucionados, pressupõe-se uma coesão moral dos cidadãos diante destes fatos. Para que uma mudança seja efetiva, o combate deve ser travado no campo cultural, moral, social, político e econômico. Os narco-feminicídios são alicerçados no sistema capitalista e algumas formas de resistência dos sujeitos são mostradas no final do filme, quando há repressão às mulheres que protestam. Se a luta democrática se vê diante destes desafios, somente uma mudança mais estrutural de sistema conseguiria garantir segurança às mulheres.

Por Julia Facundo e Isabela Felippe
– Extensionistas do projeto Pedagogias da Imagem

Mostra Ecofalante de Cinema UFRJ – Ciclo (Im)permanências: Desastres

Neste mês de outubro de 2024, o cineclube Pedagogias da Imagem recebe mais uma itinerância da Mostra Ecofalante de Cinema. Serão ao todo 4 dias do II Ciclo (Im)permanências: Desastres – Diálogos entre artes, humanidades e mudanças climáticas, com sessões no formato matinê e uma sessão regular. Exibiremos em cada dia um curta e e um longa-metragem do catálogo da mostra, sempre seguidos de mesas temáticas com convidados bastante especiais, desdobrando temas em ressonâncias com as questões socioambientais.

O Ciclo (Im)permanências, promovido pelo projeto de extensão Pedagogias da Imagem, surgiu em 2019 com o objetivo de ativar formas outras de abordar articulações entre as ciências e as artes, a educação e as humanidades, bem como os desdobramentos do presente para a divulgação científica e cultural frente às mudanças climáticas. Com uma programação de filmes e mesas de conferências, o ciclo será voltado à circulação de ideias interdisciplinares, propiciando um espaço de reflexão e discussão que explicite a relevância das pesquisas para uma ressignificação de sentidos sobre nossa relação com o mundo e o ambiente.

Em meio à 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, ao longo deste mês em que acontece a COP16, na Colômbia, a realização do Ciclo (Im)permanências também tem como objetivo a abertura de caminhos plurais para situar problemas e pensar nossa atual era de catástrofes. Por meio dos trânsitos nomádicos entre áreas do conhecimento diversas – como a antropologia, as artes, a filosofia, as ciências sociais e a educação, busca-se a proliferação de diálogos que permitam entrever as composições éticas, estéticas, políticas e afetivas de modos de existência e produções de conhecimento em torno do ambiente, atravessados por um horizonte comum.

Nesta segunda edição, o ciclo explora a ideia-força dos desastres, entendidos não apenas como eventos catastróficos, mas como pontos de articulação capazes de reverberar visualidades e anseios que transbordam dos filmes e se abrem para discussões e desdobramentos de alianças, potências criadoras, resistências afetivas e políticas.

Neste ano de 2024, o ciclo ampliou sua duração e o número de convidados, percorrendo diferentes dimensões dos desastres, a sua relação com a(s) cultura(s) e a sociedade, buscando desnaturalizar esses eventos e abrir espaço para reflexões sobre seus efeitos nas maneiras de viver, resistir e habitar o mundo.

📌 Local: Auditório Manoel Maurício – CFCH (Campus Praia Vermelha – Avenida Venceslau Brás, 71 – Botafogo – entrada de pedestres também pela Rua Lauro Muller, 71).

Realização

SECULT – Setor de Cultura, Comunicação e Divulgação Científica e Cultural
Faculdade de Educação da UFRJ
Rede Divulgação Científica e Mudanças Climáticas
Projeto INCT para Mudanças Climáticas – Fase 2

Apoio

Decania do Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental – Itinerância UFRJ
Central de Produção Multimídia – ECO/UFRJ

Confira a programação completa abaixo e prepare-se! A entrada é franca.

Aproveite para fazer sua inscrição gratuita aqui no formulário online.

Dia 17/10
Iminências do desastre


11h – Filmes:

Maré braba (Brasil, 2023), de Pâmela Peregrino. Duração: 7′.

Ela, que conecta a todos pelas suas águas, observa e opera as mudanças decorrentes do aquecimento global. O povo à beira-mar é o primeiro a sentir suas agitações e mudanças de humor. Ela sabe que os humanos estão se movendo para frear essas mudanças. Assim como ela sabe, que repetem uma antiga saga: alguns poucos prevalecendo sobre o grande restante, aprofundam os problemas criados por eles mesmos.

Uma vez que você sabe
(França, 2019), de Emmanuel Cappellin. Duração: 105’.

Desde os anos 70 do século passado, cientistas soam o alarme sobre um possível colapso ambiental induzido pela corrida desenfreada pelo crescimento, que ignora o conceito da finitude dos recursos naturais. Um grupo deles afirma que a oportunidade de evitar mudanças climáticas catastróficas já passou. A partir daí, perguntam: como se adaptar ao colapso? O filme leva os espectadores a uma jornada íntima pelo abismo de um mundo à beira da catástrofe, na interseção entre ciência climática e desobediência civil. Entrevistas com Richard Heinberg, Jean-Marc Jancovici, Saleemul Huq, Susanne Moser, Pablo Servigne.

Convidadas:

Jacqueline Girão (Faculdade de Educação/UFRJ)
Martha Werneck (Escola de Belas Artes/UFRJ)

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Dia 18/10
Erosão, racismo e gentrificação climática

10h – Filmes:

Mar concreto (Brasil, 2021), de Julia Naidin. Duração: 14’.

Como um exercício de resistência, Sônia acompanha o processo de erosão que vem sendo causado pelo mar que, dia após dia, avança pela praia, se aproximando do muro de sua casa. Ela faz registros diários desse processo e, por meio deles, constrói um vínculo afetivo com um território que desaparece – uma prosa solitária que desafia a tragédia final.

Arrasando Liberty Square
(Razing Liberty Square, 2023), de Katja Esson. Duração: 86’.

À medida que o aumento do nível do mar ameaça a luxuosa orla marítima de Miami, os proprietários ricos se dirigem aos terrenos mais elevados. Os moradores de Liberty Square, bairro historicamente negro e o primeiro projeto de habitação popular segregada no Sul, são o novo alvo de um projeto de “revitalização”, devido à sua localização, a 3,6 metros acima do nível do mar. Nesse panorama, o documentário discute a crise da habitação acessível, o impacto do racismo sistêmico e a gentrificação climática.

Convidados:

Andressa Dutra (Gestora ambiental IFRJ e mestranda em Ecoturismo e Conservação – UNIRIO)
Julia Naidin (Artista pesquisadora – CasaDuna e UENF)
Fernando Codeço (Artista pesquisador – CasaDuna e Encontros Hemisféricos)

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Dia 24/10 – Sessão do interlúdio
Territórios e alianças: (d)escrever o desastre

17h – Filmes:

Mymba Guata
, de Manoela Rabinovitch. Duração: 4’.

Mymba Guata é um curta-metragem realizado coletivamente com jovens guarani, resultado de uma oficina de stop motion na Escola Viva Guarani – Ponto de Cultura Mbya Arandu Porã, na Terra Indígena Rio Silveiras. Trata sobre a caminhada dos bichos em busca da Terra Sem Males, seguindo o território, o bom caminho e o Teko Porã (Bem Viver) do povo Guarani Mbya.

Escute, a terra foi rasgada (Brasil, 2023), de Cassandra Mello, Fred Rahal. Duração: 88′.

A partir do universo de três povos indígenas pressionados pela destruição causada pelo garimpo, o filme propõe uma aproximação do pensamento dos Yanomami, Munduruku e Mebêngôkre (Kayapó), na formação de uma aliança histórica em defesa dos territórios. É, portanto, uma narrativa sobre resistência e resiliência, na figura de uma união inédita que firma a manutenção de seus territórios físicos e subjetivos. Para além da destruição causada pelo garimpo, este é um filme sobre a impossibilidade de separação entre a existência indígena e o seu território.

Convidadas:

Marcia Cabral (Superintendente de Saberes Tradicionais do FCC/UFRJ)
Deborah Bronz (Antropologia/PPGA-UFF)
Paula Scamparini (Escola de Belas Artes/UFRJ)

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Dia 29/10
Desastre e resistência(s)

10h – Filmes:

Águas turvas
(Brasil, 2023), de Gabriel Panazio, Kleber Leão. Duração: 7’.

Localizada na famosa Baía de Guanabara, a Z10 é uma das mais antigas e tradicionais colônias de pesca do país. Neste curta documentário, acompanhamos a história de Zezinho, um pescador desta comunidade histórica, cuja vida é drasticamente alterada pela crescente poluição marinha. Com a diminuição dos peixes, Zezinho e seus colegas enfrentam uma crise de sustento e identidade. Numa reviravolta inspiradora, eles reinventam suas práticas, transformando-se de pescadores em guardiões do oceano. Ao ‘pescarem’ lixo, não apenas encontram um novo meio de subsistência, mas também emergem como figuras centrais na luta pela preservação ambiental. Este curta-metragem é uma jornada visual e emocional, destacando a resiliência humana diante de adversidades ambientais, e a capacidade da comunidade de encontrar soluções criativas para problemas globais.

Barragem (Brasil, 2021), de Eduardo Ades.  Duração: 96′.

A luta dos atingidos pelo maior desastre ambiental do Brasil para obter reparação. Após o rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Samarco, em 2015, os moradores de Bento Rodrigues ficaram sem casa e sem fonte de renda. Desilusão, desinformação, desunião, protelações e outras manobras marcarão o caminho de resistência dos atingidos ao longo dos anos.​

Convidadas:

María Gabriela Scotto (Antropologia/PPGDAP-UFF)
Mari Fraga (Escola de Belas Artes-UFRJ)

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Sobre as convidadas e convidados:

Jacqueline Girão

Bióloga, licenciada em Ciências Biológicas e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É professora do departamento de Didática da Faculdade de Educação da UFRJ, atuando na licenciatura em Ciências Biológicas e no curso de Pedagogia. Coordena o coletivo de extensão e pesquisa “Educação Ambiental para professores da Escola Básica: perspectivas teóricas e práticas” (EAPEB). É docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFF. Desenvolve e orienta pesquisas sobre educação ambiental em contextos escolares, formação docente, políticas públicas, racismo ambiental e juventudes em movimentos ambientalistas.


Martha Werneck

Doutora em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Desde 2007 é professora na Escola de Belas Artes pelo departamento de Artes Bases/ Pintura. Sua produção autoral envolve trabalhos predominantemente na área da Pintura, que transitam entre a investigação fotográfica, a imagem digital, a ilustração e o design, bases nas quais sustenta sua prática, poética e pensamento plástico. Werneck desenvolve a pesquisa O corpo feminino como poética na Pintura contemporânea, que trata da investigação da representação do corpo feminino, apoiada em leituras que buscam sobretudo a compreensão do campo do feminino e do feminismo, e em trabalhos autorais da pesquisadora. Sua produção autoral envolve trabalhos predominantemente na área da Pintura, que transitam entre a investigação fotográfica, a imagem digital, a ilustração e o design, bases nas quais sustenta sua prática, poética e pensamento plástico. Atualmente trabalha na série Pequenas Ofélias e Icebergs.


Andressa Dutra

Gestora Ambiental (IFRJ) e mestranda em Ecoturismo e Conservação (UNIRIO). Pesquisadora e articuladora comunitária, com foco no monitoramento do Turismo de Base Comunitária junto a Rede Nós da Guanabara. Faz parte do coletivo Cafundós que reúne pesquisadores interessados na cidade de Magé – Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Enquanto pesquisadora independente, tem se dedicado ao estudo do campo da ecologia política e justiça ambiental, entendendo a dinâmica do racismo ambiental nos diversos territórios e comunidades tradicionais, principalmente quilombos. Integra o Grupo de Estudos em Educação Ambiental desde el Sur, GEASur/UNIRIO e o grupo de pesquisa Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas.


Julia Naidin

Doutora em Filosofia Contemporânea, na UFRJ. Desde 2017, atua com produção e curadoria na residência artística brasileira CasaDuna Centro de Arte, Pesquisa e Memória de Atafona, onde desenvolve uma pesquisa de metodologia em arte contemporânea e educação ambiental e é atriz do Grupo Erosão. Realizou seu primeiro curta-metragem, Mar Concreto (2021). É pesquisadora de pós-doutorado na UENF, no Laboratório de Estudos do Espaço Antrópico, com pesquisas articulando a noção de patrimônio ao fenômeno da erosão e desenvolvendo práticas de museologia social. 


Fernando Codeço

Fernando Codeço é pesquisador, artista visual e diretor de teatro. Coordena a CasaDuna – Centro de Arte, Pesquisa e Memória de Atafona. Dirige o Grupo Erosão de teatro e artes visuais. Doutor em Artes Cênicas (UNIRIO e UPJV), com pós-doutorado em Políticas Sociais (UENF). Trabalha na fronteira com a antropologia, interessado na eco política das artes em contexto de emergência climática, em processos coletivos e participativos de criação e em práticas de museologia social.


Marcia Cabral

Atualmente é Superintendente de Saberes Tradicionais do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, professora do Departamento de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (IP/CFCH) da UFRJ. Doutorado em Psicologia nos Estudos da Subjetividade pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Coordena o Laboratório de Estudos Africanos, integrado às atividades e à Terapia Ocupacional -Isé; (Lab Isé) – UFRJ. É membro do Grupo de Pesquisa Laboratório de Memórias, Territórios e Ocupações: Rastros Sensíveis/UFRJ/CNPq e do Atividades Humanas e Terapia Ocupacional/ UFSCar/CNPq. Tem atuado, lecionado, orientado e pesquisado epistemologias afro-diaspóricas, investindo, mais especificamente, nos saberes dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana.


Deborah Bronz

Doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PPGAS/MN/UFRJ. Professora do Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense – UFF e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia PPGA/UFF. Graduada em Geografia pela UFRJ (2001). Jovem Cientista do Nosso Estado pela FAPERJ. Coordenadora do curso de graduação em Antropologia da UFF. Secretária Geral da Associação Brasileira de Antropologia – ABA, gestão 2023/2024. Vice coordenadora do Grupo de Estudos Amazônicos e Ambientais – GEAM/UFF e pesquisadora vinculada ao Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento – LACED/MN/UFRJ. Autora dos livros Nos Bastidores do Licenciamento Ambiental – Uma etnografia das práticas empresariais em grandes empreendimentos e Pescadores do Petróleo. Políticas ambientais e conflitos territoriais na Bacia de Campos, RJ. Co-organizadora do livro Terra arrasada: desmonte ambiental e violação de direitos no Brasil.


Paula Scamparini

Doutora em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pesquisa paralela à própria produção artística desenvolvida na linha de pesquisa Poéticas Interdisciplinares. Professora no bacharelado em Artes Visuais – Escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Atua como artista e eventualmente diretora de arte. É artista visual com exposições individuais em diversos espaços, como o Instituto Guimarães Rosa (México, 2023) e o Centro Atlântico de Arte Moderno (Espanha, 2023). Participou de exposições coletivas em instituições como o Museo de Arte Moderno Jesus Soto (Venezuela, 2019) e a Fundação Vera Chaves Barcellos (Viamão-RS, 2018). Suas obras integram coleções de importantes instituições, incluindo o Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-Rio) e a Fundação Bienal de Cerveira (Portugal). Realizou diversas residências artísticas, como no Museu Nacional Soares dos Reis (Portugal, 2017). É líder do Grupo de Pesquisa Arte: Ecologias (GAE).


María Gabriela Scotto


Doutora e mestre em Antropologia Social pelo PPGAS/Museu Nacional/ UFRJ. Possui graduação em Ciencias Antropológicas pela Facultad de Filosofia y Letras, da Universidad de Buenos Aires. Professora do Departamento de Ciências Sociais do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da UFF (Campos dos Goytacazes). É coordenadora do GEPPIR – Grupo de estudos e pesquisa sobre Poder, Imagens e Representações (UFF/CNPq) e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (NESA/UFF). Tem experiência de pesquisa na área de antropologia social, com ênfase em questões socioambientais, Antropologia da Política e do desenvolvimento, atuando principalmente nos seguintes temas: antropologia da política, antropologia do cinema, poder e imagens, ativismo ambiental; participação política e ação coletiva, movimentos sociais e organizações das sociedade civil no Brasil e na América Latina, meio ambiente e conflitos sócio-ambientais. Desde 2010 coordena o projeto de extensão Cineclube SocioAmbiental Campos. No campo das organizações não-governamentais, foi Coordenadora Regional de Programas da ActionAid Americas, onde também coordenou a área de Pesquisa em Políticas Sociais na América Latina; atuou como pesquisadora no Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e como assessora da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE). Participou na Coordenação do Mapa de Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil (Fiocruz/Fase). É membro da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine).


Mari Fraga

Mari Fraga é artista, pesquisadora e professora no Departamento Artes Visuais / Escultura, Escola de Belas Artes, UFRJ. Doutora em Processos Artísticos Contemporâneos pela UERJ, é criadora e editora da Revista Carbono (www.revistacarbono.com) – publicação online que propõe diálogos entre pesquisas artísticas e científicas desde 2012. Foi doutoranda visitante na Konstfack University of Arts, Crafts and Design (Suécia), com bolsa Capes PDSE. Trabalha em diversas mídias, como escultura, fotografia, vídeo, pintura e instalações. Entre as principais exposições estão as individuais Minério-Hemorragia (Espaço Cultural Sérgio Porto, 2018), Tempo Fóssil, (Galeria Ibeu, 2016) e On Oil (SU Gallery Konstfack, Estocolmo, 2015). Investiga a intervenção do agente humano na natureza, a dicotomia entre natural e artificial, o Antropoceno e as Mudanças Climáticas, tomando como ponto de partida os combustíveis fósseis, o ciclo do carbono, a mineração e a exploração da terra, analogias entre corpo e Terra, e o ecofeminismo. Sua tese Do Fóssil ao Húmus: Arte, Corpo e Terra no Antropoceno, analisou combustíveis fósseis, arte e natureza, em abordagem prático-teórica. Integrante da Cooperativa de Mulheres Artistas e líder do grupo de pesquisa GAE – Arte e Ecologias, onde coordena o projeto de pesquisa GeoAstro-poéticas, que articula Artes, Geociências e Astronomia, e o projeto de pesquisa Agente Húmus: práticas cooperativas em arte, agroecologia e ecofeminismo. Tem prática multidisciplinar, com atuação na academia e no circuito das artes, realizando exposições, palestras, curadorias, oficinas e experimentos artísticos em diversas linguagens.


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Este evento contribui para alguns dos seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU):

3 – Saúde e Bem Estar
10 – Redução das Desigualdades
11 – Comunidades e Cidades Sustentáveis
13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima
15 – Vida Terrestre

Sessão de setembro/2024 – ‘Ruído’ e a guerra contra as mulheres


No dia 24, última terça-feira do mês, teremos a sessão de setembro do cineclube Pedagogias da Imagem. Exibiremos o filme Ruído (Ruido, 2022), de Natalia Beristáin, co-produção da Argentina e do México que acompanha a busca de uma mãe por sua jovem filha desaparecida, mostrando seu encontro com uma rede de apoio e com diferentes histórias de vidas marcadas pela crescente violência contra as mulheres. O filme participou da mostra Horizontes Latinos na 70ª edição do Festival de San Sebastián, na Espanha onde obteve o VIII Prêmio da Cooperação Espanhola.

Teremos a alegria e a honra de receber novamente, como convidada do mês, a filósofa Susana de Castro, professora titular do Departamento de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRJ. Ela é doutora em Filosofia pela Ludwig-Maximilians-Universität, Munique, com pós-doutorado em Filosofia na CUNY Graduate Center, Nova York. Autora, dentre outros, do livro ‘Filosofia e Gênero’ (2014). Integrante do GT Filosofia e Gênero, da Anpof – Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia.

O encontro será um convite para refletir sobre a escalada da violência contra as mulheres em meio à guerra entre cartéis do narcotráfico no México, partindo deste cenário para explorar relações, estruturas e significados entre essa intensificação da violência, o machismo e a lógica do patriarcado.

A sessão acontece no Auditório Manoel Maurício, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). A entrada é franca e a atividade é voltada para o público geral, indicada para pessoas a partir de 12 anos. Faça sua inscrição aqui. Aproveite para seguir o cineclube no Instagram, no Bluesky e no Threads. Será ótimo contar com qualquer apoio na divulgação.

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Até lá!

Século Godard: Exibição do filme “Imagem e Palavra” na sessão de outubro de 2022

É com alegria que o cineclube Pedagogias da Imagem apresenta e convida o público geral para participar do encontro ‘SÉCULO GODARD’, que acontecerá na terça-feira, dia 11 de outubro de 2022, no Salão Pedro Calmon, do Fórum de Ciência e Cultura, localizado no 2º andar do Palácio Universitário, campus Praia Vermelha (Av. Pasteur, 250 – Urca).

Para marcar a retomada das sessões presenciais do cineclube Pedagogias da Imagem, programamos uma sessão especial em homenagem ao cineasta Jean-Luc Godard, onde poderemos assistir coletivamente ao seu último longa-metragem, ‘Imagem e palavra’ (Le livre d’image – Suíça/França, 2018).

Ao longo de toda sua obra, e de uma vida de quase um século, Godard não apenas abriu caminhos para a inauguração/renovação da linguagem cinematográfica, da nouvelle vague ao cinema experimental, como também não cansou de se interrogar e de fazer os espectadores pensarem sobre as relações entre a imagem, o mundo, a arte e a política. Por isso, após a exibição do filme, teremos uma mesa composta por dois pesquisadores, cada um desdobrando a potência e o legado da contribuição de Godard em diferentes áreas.

Teremos a honra de contar com os seguintes convidados:

Ana Lucia Soutto Mayor
Doutora em Letras pela UFF, pesquisadora no Laboratório de Iniciação Científica na Educação Básica (LIC-PROVOC) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Fiocruz), professora do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu, no Curso de Ciência, Arte e Cultura na Saúde, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz), e professora aposentada do Colégio de Aplicação (CAp-UFRJ). Co-organizadora do livro ‘Godard e a educação’.

Jorge Vasconcellos
Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor da UFF, no Departamento de Artes e Estudos Culturais/RAE e no Programa de Pós-graduação em Estudos Contemporâneos das Artes/PPGCA-IACS. Autor, entre outros, do livro ‘Deleuze e o cinema’, e de diversos artigos e capítulos sobre o cinema de Godard em perspectiva filosófica.

A entrada é franca. A atividade é voltada para o público a partir de 16 anos.

** Esta programação contará com intérpretes de Libras, com a colaboração da DIRAC/UFRJ.**

Declarações de participação serão emitidas mediante solicitação, para aqueles que desejarem.

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Coexistir entre imagens no filme ‘Eleições’


O documentário Eleições (2018), dirigido por Alice Riff, é o escolhido para a sessão do mês de junho do Cineclube Pedagogias da Imagem, da Faculdade de Educação da UFRJ. Lançado em 2018, ano eleitoral tão marcante historicamente para o país, é também o ano em que a diretora documenta o dia a dia dos alunos da Escola Estadual Doutor Alarico da Silveira no centro de São Paulo  e as eleições do grêmio estudantil.  

Ao longo do documentário, as dúvidas sobre o futuro, que apresenta tantas possibilidades e, ao mesmo tempo, é tão incerto, surgem entre os alunos. Se preparar para o ENEM, começar a traçar um plano para uma carreira profissional, que muitas vezes pode não atender aos interesses pessoais dos alunos, são decisões importantes que precisam ser tomadas tão cedo. É nesse clima que os jovens do documentário começam a compreender a importância de uma atitude política ativa. 

Alice Riff constrói o documentário de forma em que os alunos estão envolvidos diretamente na produção, aproximando o espectador daquele cotidiano. Assim, ouvimos as propostas das chapas, percebemos o envolvimento crescente dos alunos, assim como a responsabilidade para o objetivo final de possibilitar uma escola diversificada, que reflita sobre seu corpo estudantil em todas as suas pluralidades. 

As quatro chapas são compostas por alunos que se distinguem, com objetivos diversos e posicionamentos consistentes que amadurecem durante a campanha eleitoral escolar. Os espectadores são atravessados por suas próprias memórias e experiências durante o ensino médio, e são convidados a sentir a ansiedade durante a votação e revelação da chapa vencedora, vibrando, ao final, junto com a chapa vencedora, sentindo-se novamente na escola. 

O documentário está disponível gratuitamente na plataforma Itaú Cultural Play e o cine Pedagogias da Imagem convida a todos para a sessão no dia 28 de junho, que irá desdobrar os pontos que o filme traz de forma tão espontânea, com a participação do convidado Wenceslao Machado de Oliveira Junior (FE/Unicamp), apresentando a fala ‘Um fime na escola, vários cinemas da escola’. Wenceslao vai propor um diálogo com o filme a partir dos encontros entre cinema e escola. Que escolas emergem desses encontros com o cinema? Que cinemas (e filmes) emergem destas experiências?

Redação:
Stella Feitosa (Extensionista do projeto Pedagogias da Imagem)

Sonho e revolução em Glauber Rocha: um devir estético-político latino-americano – Sessão de Maio/22

No último dia 31 de maio, o Cineclube Pedagogias da Imagem, da Faculdade de Educação da UFRJ, promoveu um encontro sobre Deus e o diabo na terra do sol (1964), filme clássico de Glauber Rocha. Para falar sobre o filme, o cineclube convidou Pablo Zunino, doutor em Filosofia pela USP e professor da UFRB. O encontro, intitulado como “Sonho e revolução em Glauber Rocha: um devir estético-político latino-americano”, teve como cerne a intersecção entre a filosofia e o cinema.

O filme é um dos marcos do cinema brasileiro. Glauber Rocha, seu realizador, foi um dos pioneiros do movimento Cinema Novo, corrente que se aproxima nouvelle vague francesa. Glauber obteve reconhecimento internacional por esse filme, sendo indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes. Pablo Zunino, convidado do cineclube, faz uma abordagem da estética de Glauber Rocha e, mais enfaticamente, do filme supramencionado, a partir da filosofia de Gilles Deleuze.

Zunino trata de alguns temas centrais do que ele intitulou como devir estético-político latino-americano. A mistura desses dois termos (“devir” e “estético-político”) remete, primeiramente, ao conceito de devir, de Deleuze; por outro lado, remete às noções centrais de estética da fome, da violência e do sonho, presentes nas obras e nos filmes de Glauber Rocha. O background histórico que permeia essas noções é certamente o da luta política na América Latina, desde a década de 60, como ressalta o professor; nesse sentido, são exemplares as manifestações de maio de 68 que se estenderam ao chamado Terceiro Mundo. O cinema de Glauber Rocha faz parte desse grande movimento de transformação da vida social a partir da produção filmográfica com forte cunho político.

As reflexões do professor partem dos dois livros de Deleuze que tratam especificamente do cinema, A imagem-movimento e A imagem-tempo. Zunino ressalta a ideia, a partir de Deleuze e Glauber Rocha, da possibilidade de se conceber o cinema, a ideia cinematográfica, como geradora de transformações políticas. Após explicar brevemente a passagem do cinema clássico ao cinema moderno, crucial para o pensamento deleuzeano sobre o cinema, Zunino fala um pouco sobre outros filmes importantes de Glauber, como Barravento (1962), Terra em transe (1967) e O dragão da maldade contra o santo guerreiro (1969), este uma espécie de continuação do filme privilegiado na conversa.

Para concluir a conversa, Zunino retoma a questão, importante para Deleuze, do povo que falta. Para Zunino, o povo falta e ao mesmo tempo não falta, já que o povo está vivo e presente, embora falte metaforicamente. Para dar o tom de seu argumento, menciona uma frase de Glauber Rocha que diz: “A América Latina permanece colônia e o que diferencia o colonialismo de ontem do atual é apenas a forma mais aprimorada do colonizador”. Nesse sentido, o povo não pode plenamente existir, porque está sempre sendo colonizado de formas cada vez mais elaboradas.

A sessão do mês de junho do Cineclube ocorrerá na terça-feira, dia 28, abordando o filme Eleições (2018), de Alice Riff.

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Redação: Gabriel Cabral (Extensionista do projeto Pedagogias da Imagem)