Na terça-feira, dia 25 de setembro, foi exibido na matinê do Cineclube Pedagogias da Imagem o filme Meu corpo é político. Após a sessão, a diretora do filme, Alice Riff, em videoconferência, e a doutoranda em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ, Barbara Pires, conversaram com o público explorando as temáticas apresentadas na obra. A diretora é formada em Cinema e Ciências Sociais pela FAAP/USP e já dirigiu oito curtas documentais, que participaram de festivais nacionais e internacionais, dentre os quais podemos citar “Orquestra Invisível Let’s Dance”, “100% Boliviano, Mano”, e “Diálogos”; Pires é pesquisadora do Núcleo de Estudos em Corpos, Gêneros e Sexualidades (NuSEX) e da Liga Acadêmica Brasileira de Estudos em Intersexualidade (LABEI).
Nesse contexto, Alice Riff descreve como a base principal de seu filme a construção de narrativas de corpos trans, excluídos e periféricos, pautada no respeito, no afeto e também em certo distanciamento. Representando, assim, “um cinema em que a câmera potencializa a história dessas vidas” sem querer tomar, pretensiosamente, seu lugar de fala. Tal perspectiva, aliada a um retrato cotidiano de suas realidades, sem tender ao trágico das existências LGBTs, proporciona um olhar de aceitação do diferente, de presenciar o humano nas mesmas. O filme faz um recorte dessa comunidade excluída da educação, do trabalho, do direito de ir e vir em segurança, a partir do retrato de vidas ordinárias vividas por pessoas extraordinárias a esses ambientes.
Outra perspectiva apontada durante a conversa foram as diferentes formas de se expressar a feminilidade. Tal realidade é demonstrada no filme a partir das diferentes vivências das personagens em suas disciplinas corporais. A partir dos diferentes meios de vida cotidiana e da maneira que expressam suas personalidades, cada uma delas vai encontrar o feminino em diferentes recortes, partindo sempre de um quesito de auto-aceitação ao se exporem no ambiente social. Barbara Pires explorou essa temática do filme ao apontar duas formas de expressão pessoal na sociedade: o habitar as normas sociais do feminino, visando uma aceitação e uma noção de pertencimento, e o visibilizar o estranho, no qual a expressão do feminino visa causar um desconforto para desestabilizar a hegemonia.
Desse modo, a conversa acerca de Meu corpo é político proporcionou uma reflexão acerca de diversas temáticas expostas no filme, debatendo sobre corpos revolucionários e existências extraordinárias. Foi um ótimo fechamento para o mês da diversidade do Cineclube!
Redação:
Julia Stallone e Camila Carneiro – extensionistas do projeto Pedagogias da Imagem