A ciência da revolução

The Young Karl Marx

A sessão de novembro do Pedagogias da Imagem acontecerá na próxima terça-feira, dia 14/11, mas não será em nenhum dos auditórios do campus da Praia Vermelha. Teremos nossa primeira sessão “extra-muros”, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com uma programação especial: faremos a pré-estreia do filme ‘O jovem Karl Marx’ (Le jeune Karl Marx – Alemanha, França, Bélgica), que tem data de estreia nos cinemas em 28/12.  A pré-estreia, no dia 14/11, terá início às 14h, um horário um pouco mais cedo que o tradicional do cineclube. Logo após a sessão, teremos a honra e alegria de receber a nossa convidada do mês, Claudia Lino Piccinini, doutora em Educação pela PUC-Rio, professora da Faculdade de Educação da UFRJ e pesquisadora integrante do COLEMARX – Coletivo de Estudos em Marxismo e Educação.

O filme do diretor Raoul Peck (que dirigiu também o documentário ‘Eu não sou seu negro’, indicado ao Oscar em 2016)  será exibido em parceria com a Cinemateca do MAM e a California Filmes. Fruto de mais de 6 anos e de uma extensa pesquisa combinada a partir de materiais bibliográficos relevantes, especialmente as cartas de Marx, o filme evita os clichês e o didatismo das biografias de cinema tradicionais. De acordo com o próprio diretor, “o velho homem barbudo descansando em seu dogma foi deixado para trás em favor das aventuras físicas e intelectuais desse trio irrepreensível (Karl e Jenny Marx e Friedrich Engels), em uma Europa cheia de tensão, vulnerável à censura, à beira de uma revolução popular e proletária sem precedentes, culminando – da parte do filme – na confecção do “Manifesto Comunista” – essa razoavelmente analítica e radical lista de trabalhos e doentios efeitos do capitalismo.”

Após o filme, a professora Claudia Lino Piccinini abordará os elementos de novidade que as obras de Marx e Engels trouxeram para a cena política do século XIX. Travando um diálogo com as imagens desde sua linha de atuação e pesquisa, ela pretende aprofundar os temas suscitados sobre a parceria intelectual dos personagens, suas primeiras obras, o papel do materialismo para a ação política da classe trabalhadora e, especialmente, enfatizar as descobertas científicas que a dupla empreendeu.

Na contramão do imediatismo dos nossos tempos, trata-se de enfatizar uma intensa troca intelectual, a construção de uma elaboração teórica que enfatiza a relação da produção do conhecimento histórico com as possibilidades de transformação da sociedade. Para utilizar as palavras do diretor Raoul Peck: “hoje, a longa e grisalha barba de Marx não somente esconde sua face, ela eclipsa a possibilidade de uma reflexão serena, distante de polêmica e dificulta a exploração da real contribuição científica e política, sua extraordinária capacidade analítica, suas aspirações humanísticas, suas preocupações justificadas como por exemplo a distribuição de renda, trabalho infantil, igualdade entre homens e mulheres, etc. – todas grandes questões muito relevantes no mundo de hoje – na Europa e o resto do mundo. Cabe a cada um de nós refletir sobre a história que seguiu esse momento.”

O convite está feito.

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A escola, o controle e os entediados

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É hoje! A sessão de setembro do cineclube Pedagogias da Imagem acontece logo mais, às 17h. Teremos a honra e alegria de contar com a presença de Paula Sibilia, nossa convidada do mês. Paula é argentina, doutora em Comunicação pela UFRJ e em Saúde Coletiva pela UERJ, com pós-doutorado na Université de Paris VIII,  França. Ela é professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e do Departamento de Estudos Culturais e Mídia, da UFF.

Paula escolheu o filme Dentro da casa, do aclamado diretor francês François Ozon, para desdobrar questões com o público em sua palestra: Pedagogias dos entediados: a escola em crise, entre o regulamento e o bullying. De acordo com ela, as relações entre professores e alunos têm mudado muito nos últimos anos, compassando as transformações que vêm atingindo os mais diversos âmbitos. Contudo, em que pesem todas as crises, o dispositivo escolar continua funcionando e não deixa de marcar inúmeras experiências. O instigante filme de Ozon possui diversas cenas que nos ajudam a pensar sobre a eficácia dos mecanismos de controle psíquicos e sociais que vão perdendo ou ganhando vigência: das paredes para as redes, das advertências para o bullying, da culpa para a vergonha.

Para quem quiser conhecer mais sobre a produção de nossa convidada, deixamos aqui algumas sugestões: ela é autora dos livros O homem pós-orgânico: Corpo, subjetividade e tecnologias digitais (2002), O show do eu: a intimidade como espetáculo (2008), e Redes ou Paredes: a escola em tempos de dispersão (2012). Além disso, mais informações sobre sua produção podem ser encontradas em seu site.

A sessão acontecerá hoje, dia 5 de setembro, no auditório Manoel Maurício – CFCH/UFRJ (ao lado do Cópia Café), que fica no campus da Praia Vermelha da UFRJ (Av. Pasteur, 250). Acesse aqui o flyer de divulgação e confirme sua presença na página do evento no Facebook. Ainda dá tempo e a entrada é franca. Até breve!

Genealogias da corrupção

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Na última terça-feira, dia 20 de junho de 2017, o ciclo especial sobre as Jornadas de Junho, promovido pelo cineclube Pedagogias da Imagem, exibiu o filme 20 centavos, de Tiago Tambelli, e contou com a palestra O discurso da corrupção na política contemporânea, ministrada pelo nosso convidado do mês, o professor Paulo Vaz, da Escola de Comunicação da UFRJ. Uma das características das manifestações de 2013 foi a constante mudança de pauta trazida pelas ruas: das reivindicações pelo não aumento das passagens de ônibus e por melhores condições de transporte na cidade até os apelos contra a corrupção que pareceram emergir com mais intensidade a partir de 20 de junho daquele ano. A partir das imagens do filme de Tambelli, que acompanha de perto estas nuances e contradições, Paulo apresentou pesquisa que desenvolve já há algum tempo sobre os sentidos e os valores que carregam as menções feitas à corrupção na mídia e no cenário político global.

Uma de suas constatações é que há, no Brasil atual, um senso comum generalizado e crescente quando se fala de corrupção, associando-a facilmente à história do país e à identidade nacional. No entanto, Paulo demonstra que a atenção à corrupção está ligada à crise da representação. De acordo com ele, o discurso anti-corrupção é um fenômeno global que teve início nas décadas de 80 e 90, justamente com o aparecimento de técnicas que pela primeira vez permitiram mensurar, conhecer e designar a corrupção como algo a ser evitado. Analisando a visibilidade contemporânea do discurso sobre a corrupção, Paulo apontou como um de seus sintomas o surgimento da noção de transparência como valor a ser disseminado nas sociedades ocidentais capitalistas.

No entanto, o apelo moralizante à transparência reduz qualquer possibilidade de relação com a alteridade, nivelando a todos pelo dado comum de uma perspectiva moral, e não política, sobre o assunto. A corrupção, deste modo, pode ser utilizada como ferramenta jurídica estratégica para denúncias por parte daqueles que visam a ascender a algum cargo importante, sem colocar em jogo outras questões mais imediatas que ofereceriam nuances ao embate. Após a palestra, um ótimo debate ajudou a dar o tom da urgência da reflexão trazida por Paulo, ao mesmo tempo em que o público trouxe suas experiências e seus relatos para compor e fechar com chave de ouro este ciclo das Jornadas de Junho.

Nossa próxima sessão acontece no dia 4 de julho, terça-feira, às 17h, no mesmo auditório Manoel Maurício, no CFCH (Campus da Praia Vermelha da UFRJ – Av. Pasteur, 250), quando exibiremos o filme Max Max: Estrada da Fúria (Max Max: Fury Road, 2015), de George Miller. Para conversar com o público após o filme, teremos a honra de receber, como convidada do mês, a professora de filosofia Susana de Castro (IFCS/UFRJ), que ministrará a palestra O feminismo pelas estradas da fúria. A entrada é franca. Até lá!

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